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[TRANSPORTE] Ônibus sem cobrador: Mais segurança pra quem?

Ônibus sem cobrador: Mais segurança pra quem?


Por Neyl Santos*


No dia 11/07/2016 o Consórcio Grande Recife passou a operar a linha "901 Abreu e Lima / Macaxeira" sem cobrador, sob argumento de que a medida, diante do alto numero de assaltos a ônibus que têm acontecido no Grande Recife, traria mais segurança aos que precisam desses sistema de transporte cada dia mais perverso. Acontece que o povo não é bobo e logo a medida tornou-se uma grande polêmica, de modo que não nos cabe outra pergunta se não, mais segurança pra quem?

Antes de mais nada, cabe-nos deixar claro que o aumento do numero de assaltos a ônibus no Grande Recife é fruto tão somente e só, da falência do Pacto pela Vida. Programa que surge com uma série de diretrizes para atacar o problema da violência de forma multidisciplinar, mas que desde o inicio apenas o eixo da repressão foi levado a sério pelo governo estadual. Obviamente que combater um problema sem atacar suas raízes nada mais é que enxugar gelo. Uma hora a fatura chega. Mas não é do pacto pela vida que pretendemos tratar.

O terreno para a medida do Consórcio Grande Recife, vem sendo preparado desde o inicio das operações com os BRT's, veículos que rodam apenas com o motoristas onde os usuários fazem embarque e desembarque ao longo do trajeto por meio de "estações". Nestas estações, só é possível o pagamento da passagem com o uso do Vale Eletrônico Metropolitano (VEM), e consequentemente não existe o direito concedido por lei, da meia entrada aos domingos. Mas ora, se o terreno já vinha sendo preparado antes mesmo dos assaltos a ônibus voltarem a ocupar espaço de destaque na mídia local, a preocupação dos donos do transporte coletivo não pode ser com a violência e muito menos com a segurança de seus usuários.

O que na verdade os empresários precisavam era apenas de uma desculpa para por em pratica um desejo antigo, que é extinguir a função de cobrador de ônibus. E por uma razão muito simples: a diminuição da folha de pagamento e o consequente aumento nas já altas taxas de lucros. Esse pensamento aliás, é tipico da classe social a que pertence os donos das grandes empresas de ônibus. Eles não estão preocupados com a segurança ou com os empregos da classe trabalhadora, mas apenas com seus próprios interesses econômicos.

É obvio que a falta de dinheiro no caixa dos ônibus não evitam assaltos, tanto é que os BRT's que é publico que não rodam com dinheiro, não ficam imunes à onda crescente de assaltos, basta ver a imprensa local. E isso também tem uma razão simples: o principal alvo dos assaltos aos ônibus somos nós usuários, que perdemos o pouco dinheiro que andamos no bolso, nossos documentos e pertences que tanto trabalhamos para comprar. De modo que, ter dinheiro com o cobrador é apenas um "extra" para os assaltantes. Quem não sabe disso?


Mas do empresariado não poderíamos esperar outra coisa, eles estão no papel deles. Muito embora façamos severas criticas ao modo como o sistema de transporte coletivo é conduzido no Grande Recife, devemos concordar que isso só acontece por conta da mão frouxa com que as prefeituras e principalmente o governo do Estado trata a questão.

As gestões PSBistas escolheram o caminho das aparências (e como exemplo, podemos voltar ao Pacto pela Vida, onde o pseudo combate a violência se deveu unica e exclusivamente ao aumento de policia no rua, pro povo ver), ao mesmo tempo que precisam quitar as dividas com os financiadores de suas campanhas eleitorais. Essa é a receita para governos comprometidos com os interesses dos que têm mais dinheiro.

Precisamos não nos calar, os rodoviários precisam entender que essa luta é de toda a classe, e não apenas daqueles que fazem a linha "Abreu e Lima / Macaxeira". Esse é só o começo para o fim de uma importante categoria profissional. É o momento de ir para o combate, propor greve, e aproveitar esse momento em que a população não se deixou enganar.

Só com muita luta, conseguiremos frear a onda conservadora que nos quer tirar empregos e direitos, e recolocar o poder publico a serviço dos que mais precisam.

*NEYL SANTOS é um jovem de 25 anos, estudante de Direito e militante do Movimento Comunitário O Grito 


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